Quase o dobro: voar de Fortaleza a Juazeiro do Norte está mais caro que viajar até Porto Alegre

Por Paulo Sergio de Carvalho 29/08/2025 - 11:49 hs
Foto: Reprodução
Quase o dobro: voar de Fortaleza a Juazeiro do Norte está mais caro que viajar até Porto Alegre
Quase o dobro: voar de Fortaleza a Juazeiro do Norte está mais caro que viajar até Porto Alegre

Viajar de avião de Fortaleza a Juazeiro do Norte — ou no sentido inverso — tornou-se um luxo para poucos. O que antes era uma ponte aérea rápida e acessível entre a capital cearense e a terra de Padre Cícero, agora se transformou em um pesadelo financeiro para os passageiros. Em uma distorção absurda dos preços, um voo de apenas 55 minutos pode custar até R$ 4.954,00 — mais que o dobro do valor de uma passagem para Porto Alegre, a mais de 3.500 km de distância.

A situação beira o surreal: para um voo de ida e volta entre Juazeiro do Norte e Fortaleza com apenas um pernoite na capital, o passageiro é penalizado não só com um valor estratosférico, como com uma escala em Guarulhos (SP) — sim, é isso mesmo: o viajante faz um verdadeiro “desvio continental” para retornar ao próprio estado. A tarifa da TAM para essa opção chega a incríveis R$ 4.954,00, enquanto uma combinação TAM/GOL sai por R$ 3.016,00.

Em contrapartida, quem decide viajar de Fortaleza a Porto Alegre, em um trajeto que pode durar mais de seis horas, desembolsa “apenas” R$ 1.881,00 pela AZUL. O preço menor em um percurso quase sete vezes mais longo escancara um descompasso injustificável nas tarifas domésticas e levanta questões sobre a lógica — ou a falta dela — da precificação das companhias aéreas.


Enquanto o governo federal anuncia pacotes para a democratização da aviação civil, a realidade em Juazeiro do Norte mostra o contrário. O cidadão do interior — que antes via na aviação uma alternativa moderna, rápida e acessível — está sendo empurrado de volta para estradas perigosas e viagens cansativas de ônibus.

Até quando?

A discrepância entre os preços de passagens aéreas regionais e de voos interestaduais expõe uma injustiça geográfica que penaliza especialmente o interior do Nordeste. Juazeiro do Norte, uma das cidades mais simbólicas e historicamente importantes da região, não pode ser tratada como um destino de segunda categoria.

Do jeito que está, fica difícil até rezar por uma solução.